domingo, 9 de dezembro de 2012

Carta a um coração


O problema é que todo mundo um dia cansa.
A gente espera, acredita, dá uma nova chance dizendo: "Agora sim! Dessa vez vai valer a pena eu tentar! É essa pessoa que vai mudar tudo o que eu tô sentindo agora."
E você vai - pedindo no fundo, bem baixinho pra si mesma - pra que ele se torne a pessoa mais incrível que você já conheceu, você vai rezando pra que ele lhe diga o quão babaca você foi por achar que nunca ninguém lhe tiraria do chão e lhe faria mudar de opinião a respeito do amor.
Mas aí, as flores que você tanto regou; murcham e a vida lhe dá uma nova rasteira por trás.
E os únicos pensamentos que lhe sobram são: Por que eu ainda insisto que pode existir o certo se sempre tenho o duvidoso? Por que eu ainda creio naquilo que nunca me foi mostrado? Por que ainda levo a sério as pessoas que nunca me são recíprocas?
POR QUE EU AINDA ACREDITO NO AMOR?
Sabe... Chega uma hora que cansa... Que enche o saco, que você pára, olha pra cena que se repete rotineiramente e você diz: Quer saber? Foda-se! Cansei. Cansei de brincar de ser moça boa e de agir sempre certo esperando o cara que vai me beijar a mão e me dizer "Fica comigo".
Cansei.
Desisti.
Me frustei.
Mais uma vez.
Olha, eu lhe entendo, amiga. Eu juro que lhe entendo. Até por que todo mundo passa por isso, faz parte dos ciclos da vida.
E eu sei também que a coisa que você menos quer ouvir agora é alguém dizendo que lhe entende, porque você sabe que no fundo só você mesma entende... Ou melhor, não entende, mas sente e tenta de alguma forma compreender o que tem de tão errado em querer ser feliz com alguém ao seu lado.
E eu sei o quanto é inútil lhe dizer que você ainda não esbarrou com a sua metade da laranja, mas que isso ainda acontecerá. Que nada é por acaso e que você ainda vai achar aquele alguém que vai lhe fazer muito bem. Eu sei, todos lhe dizem isso e você TAMBÉM tá de saco cheio de ouvir e de esperar pelo que lhe falam, mas que nunca acontece.
Sei também que o que acabaria com toda a frustração que está sentindo agora seria receber uma surpresa de algum bom moço lhe dizendo: "Pegadinha do malandro! Aqui está quem você tanto procurou!". "Fica comigo". Porque você ainda tem esperanças, é verdade que as deseja de alguma forma sufocar, mas elas estão lá e a gente sabe como é o coração.
Mas apesar de não poder lhe trazer alguém que lhe faça sorrir agora, o que posso fazer é lhe garantir, sem titubeio, que você é muito boa, que a sua alegria é contagiante; apesar de exagerada, que o seu coração é grande até demais, mas fica pequeno perto de tanta desilusão e que você é aquele tipo de pessoa que a gente sabe que tem muitas qualidades pra não se dar bem na vida. E compreendo que é difícil construir uma autoconfiança diante de tanta reprovação, mas digo e repito: Acredite em si. Você é boa, de verdade. Se não fosse eu lhe diria... Sinceridade é meu forte! Acredite e mostre pros outros o quão forte você é e sabe que é.
Infelizmente, só o tempo e o entendimento disso tudo é que vai lhe tirar esse rancor, essa possível; porém, triste possibilidade de se tornar descrente de tudo que possa querer ameaçar a integridade dos seus sentimentos. Sei que é duro pedir-lhe para que continue acreditando - sem se comprometer por inteira - mas que continue no jogo e continue apostando mesmo com todas as fichas perdidas. É duro, mas ainda lhe peço: Não desista.
E por último, dou-lhe como conselho: Não se cobre, não exija que encontre alguém só porque sua vizinha feia e carrancuda é casada e se diz feliz. Não, você sabe que é muito mais feliz do que ela. Você sabe que essa felicidade que irradia não é de mentira, você sabe que não precisa de ninguém pra se sentir bem. Às vezes você sente falta, é normal... Mas sabe que já aprendeu a viver sozinha e ser suficiente assim.
Por isso, abandone um pouco o coração, deixe-o de lado, ele geralmente é inconsequente e lhe leva a tomar atitudes que HOJE podem ser erradas pra o que está passando no seu mundo. Viva só, porém contente com isso, usufrua de todos os benefícios da vida só. Mesmo que não seja assim que você queira estar agora, aceite essa fase. São as férias do amor e das encrencas que ele pode lhe trazer.
Aproveite ao máximo, pois enquanto isso as doses de tempo são ministradas no seu corpo e logo, logo você se sentirá pronta pra quebrar a cara quantas vezes mais for preciso, mas também para acertar.
Acredite, sorria e viva. São os tarjas preta que posso lhe receitar pra hoje.

Ass.: Uma amiga que divide seus anseios.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

1 + 1 = 1

Nossa história começa com um homem e uma mulher.
Ele é músico... Ela também. Ambos vivem de música. Ambos respiram música e têm nela; se não o maior objetivo de vida, uma grande idealização.
Ela gosta de música clássica... Ele de reggae.
Eles se encontram. Se conhecem. Simpatizam. Descobrem suas afinidades e começam a sair, a se ver mais vezes. Começam a gostar um do outro, a compartilhar desejos, a dividir momentos, a trocar segredos.
Entretanto, frequentemente eles acabam discutindo, mesmo com o pouco tempo de um talvez relacionamento. Discutem pelas inúmeras divergências dos gostos. Ela, música clássica. Ele, reggae. Pois, apesar de ambos desejarem seguir um futuro na música, o caminho que ela almeja traçar se torna completamente diferente do dele a partir do momento que os estilos musicais se confrontam em mercado de trabalho, em oportunidades e até mesmo no lugar para se morar e se construir uma família futuramente. São completamente distintos.
Ele quer ficar com ela. Ela quer ficar com ele. Eles têm duas opções. Ambos têm de fazer uma escolha em conjunto. Mas vamos falar dela:
Ela tem a opção de deixá-lo e correr atrás de um cara que goste de música clássica também, que mesmo que não queira isso como futuro, ainda assim a apoie e esteja disposto a se moldar à carreira dela; ou então, ela pode simplesmente fechar os olhos, fingir que ignora os fatos e levar as coisas adiante... Pra dar chance a uma loucura, pra passar por descargas de adrenalina... Sei lá.
Só sei que ela resolve continuar. Desesperançosa, acreditando que nada daria certo. Na verdade, achava isso tudo uma grande maluquice. Se em tão pouco tempo os desentendimentos já eram rotineiros em cima de um mesmo motivo, quem dirá, em anos... Aliás, não precisamos nem considerar tanto, vamos pensar em meses. Como superariam as constantes divergências?
Ainda assim eles decidem continuar. Continuam a compartilhar, a dividir, a trocar. Passam a sentir falta um do outro. Notam que aquele já faz parte da sua vida. E se sentem bem assim. Sentem que se completam de alguma forma.
Contudo, as diferenças permanecem. E as brigas também.
Depois de um certo tempo, cansada e buscando o entendimento, ela viu que era preciso abrir mão de certas opiniões e preceitos e talvez até, de certos planejamentos e decidiu que se tornaria mais aberta às opiniões e escolhas dele. Ele compactuou, viu que o esforço poderia valer à pena.
Depois de deixarem de lado um pouquinho de si e absorverem um pouquinho mais do outro, eles acabaram alcançando o inusitado. Fizeram dar certo o que ninguém jamais acreditaria. Fizeram dar certo o que os dois durante muito tempo rejeitaram.
Nossa história termina com o casal que consegue realizar um dos maiores sucessos de todos os tempos: a mistura Clássico-Reggae.
Hoje, guardam prêmios e elogios da combinação que por muitos artistas é vista como a mais inusitada e harmoniosa.
Porém, acredito que não basta misturar, que não seria suficiente pegar esses ritmos tão opostos e juntar.
Não se uniram ritmos, se uniram essências.
Acredito que nada é grande demais quando se deseja de verdade, se acredita e se tem força de vontade para correr atrás; seja de um sonho, de uma nova vida ou de um amor. Tudo pode dar certo, por mais improvável que pareça; é questão de querer, de dar uma chance. Diferenças podem ser aceitas e problemas sintetizados quando os esforços se unem para uma vontade em comum e creio que quando se fala em amor, se fala antes de mais nada, em troca, em divisão, em abrir mão de parte de si para deixar esta ser preenchida por parte de outro. E se ainda assim as coisas não derem certo, não há motivos para desanimar; pois, quem sabe os ingredientes, um dia acerta na receita do bolo.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Só eu sei

O problema é que depois de tanto me machucar com o mundo, tomei a - talvez burra - escolha de construir a minha própria armadura e junto dela engessar meu sorriso e minha expressão de contentamento perante as consequências dessa fortaleza que eu mesma crio.
Quando decretei minha mudança, mergulhei tão a fundo nela e tomei tal decisão com tamanha sobriedade que por muito pouco não me fiz acreditar. E por ser do tipo que levas as coisas adiante ante as frustrações e anseios e do tipo que não sabe viver mais ou menos; que vive de corpo inteiro até mesmo aquilo que rejeita...
Pois é... Por ser do tipo que muda constantemente e do tipo que gosta de conservar os seus inconsequentes vícios, que me fiz a mentira mais verdadeira que poderia ser. Aquela mentira deslavada e do semblante mais descarado que tenho gravado em mim. Hoje todos acreditam na máscara que visto. Hoje tenho o que por muito tempo acreditei cegamente querer. Hoje não quero.
Mas só eu. Só eu sei. Só eu sei o quanto gosto de ter a permissão pra me preocupar com alguém e fazer deste engrenagem de mim mesma e saber que minha peça também se preocupa comigo e sente a ausência da minha cumplicidade desmedida. Só eu sei o quanto gosto de carinho recíproco e de sorrir sem motivo, mas sabendo exatamente o porquê do meu sorriso. Só eu sei o quanto preciso deixar que me preencham para que nunca haja espaço que me faça deparar-me com meu completo vazio. Só eu sei o quanto sinto falta de ter essa minha parte notada e ser por ela tocada.
Enquanto isso, continuo agindo como sempre agi. Mantenho a armadura, o gesso e o disfarce. Continuo com esse jeito de quem é feliz de qualquer jeito. Meio sem jeito. Feliz mesmo sem o 'outro' jeito. Continuo esperando um colo do mesmo jeito. Esperando para ter como única resposta apenas um sorriso. Um sorriso daqueles. Daqueles sem motivo, mas que sabe-se bem o porquê se está sorrindo. Um sorriso que me faça viver o que hoje só eu sei o quanto quero ser.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Marcas tuas

Acho que foi de tanto dar murro em ponta de faca que me acostumei a ver-me sempre ensanguentada. A dor já não tem importância, acredito que tenha virado recorrente, rotineira... Ou talvez meu corpo tenha criado enfim, os anticorpos para o teu amor antígeno e, talvez por isso minha carcaça esteja já mais resistente às constantes feridas da tua faca. Os cortes deixaram vestígios do teu crime no meu corpo; mas esses já cicatrizaram, mesmo depois das inúmeras infecções hospitalares. Hoje entendo que iludia-me ao julgar tuas atitudes erradas, quando na verdade, você era errado pra mim.
Não te vejo com indiferença, entretanto não te tenho esperança. Aprendi que reciprocidade é mais utópico do que se imagina e que nem tudo que vai, necessariamente volta, mas que quando não volta, é sinal de que realmente nunca deveria ter ido. Os dias me ensinaram que não adianta; por mais forte que seja, ninguém vai contra a própria natureza. Água nunca será óleo e mesmo lado a lado; jamais misturar-se-ão de fato.
E ao me dar conta de que a cada minuto a mais, fazia-me brinquedo inconsciente teu; decidi me decidir. Tirar do papel as idealizações e fazer de verdade. Mudança nenhuma acontece em estado de inércia. E tua inércia sobre mim, tem como única resultante a minha impotência perante a ti. E eu já estava cansada demais para os teus jogos de incógnitas enquanto eu me fazia um livro aberto. Se é pra jogar aberto, tem que ser verdade, tem que ser junto. Ao sair da inércia, decidi: Não aceitaria mais tuas meias verdades ou tuas confissões fantasiosas.
Quando um não fala a mesma língua, dois não entram em acordo.
Estou satisfeita comigo ao ver que meu reflexo no espelho não me esconde mais nada e que nenhum sorriso meu será castigado por olhar cansado teu e que nenhuma lágrima minha se fará mais dolorida por sentir teu riso insensato. Quando me deixei revelar, me encontrei. Mal sabia eu que carta com destinatário é melhor remédio do que ombro amigo.
Cansei de ser porto. Hoje quero ser navio sem âncora.
Te tenho aqui, como mais uma cicatriz junto de todas as outras que um dia já me puseram. Mas não penses que fico triste pelas tuas marcas, pois só as têm, quem ainda é corajoso o suficiente para ouvir os conselhos e defender em todos as brigas o amigo que repetidas vezes se faz teu maior inimigo: o coração.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Infelicidade normal

Estava com nenhuma vontade de ir ao cinema naquele sábado à tarde, mas parecia que tudo conspirava para que fôssemos: era o último dia em cartaz do filme que queria assistir, minha namorada havia sido "dispensada" do programa com a família e tínhamos o carro durante todo o dia. Para agradá-la, fui. Quase obrigado; mas fui.
Chegamos ao shopping, pedi para que comprasse os ingressos, a pipoca e as guloseimas extremamente doces que em nada me apeteciam. Enquanto isso eu esperaria no sofá próximo à cafeteria do cinema. Fiquei por um tempo admirando o nada, até que comecei a me sentir incomodado pela sensação de que alguém me observava. Parecia estar relativamente próximo, à minha esquerda. Virei o rosto e descobri que o admirador era Fred. Meu coração veio à boca e voltou em segundos. Perdi o fôlego quando um frio tomou-me pelo corpo todo e junto dele vieram os flashbacks. Toda a infância que passamos juntos, todas as brincadeiras, os momentos que fomos irmãos, os choros seguidos de abraços recíprocos, os dias de escola, as descobertas, os sustos.
Nos entendíamos mais que nós mesmos. Tínhamos uma ligação muito forte e a qual duvido conhecer alguém que me traga-a de volta. Éramos os amigos mais sinceros e verdadeiros que se podem ser. Me bateu saudade, nostalgia, melancolia, dor. Desejei não estar ali... Mas o destino nunca gostou de mim.
Quando me reintegrei parcialmente por dentro; tentei esboçar um tímido sorriso de pesar, não sei se consegui. Sei somente que não fui correspondido. E era mesmo muita frieza e audácia da minha parte esperar que fosse. Ele continuava ali, parado, estático, sem mover um músculo, como quem brincava de "sério", mas não tinha dúvidas que se eu estava em frangalhos pela sua presença perturbadora, ele estava muito mais. Seu sofrimento era maior e eu sabia disso.
Roberta tirou-me da hipnose chamando-me para entrar e empurrando-me contra o peito o balde de pipocas e o saco das suas malditas guloseimas. Não prestei atenção ao que disse; apenas levantei, como que mecanicamente, com as forças que me restavam e fui assistir ao filme.
Fui, mas fiquei. Fui em corpo, fiquei em alma, em espírito, em pulsação. Eu ainda permanecia lá; sentado naquele sofá, com feição de cachorro sem dono, torturando à mim mesmo pela certeza de que a maior burrada da minha vida fora aquele dia. O dia que ele disse: "Vamos ficar juntos. Eu não quero mais tua amizade, quero teu amor. E eu sei que você também quer!" e eu, com os olhos vendados pelas imposições e cobranças da sociedade egoísta, agradei ao mundo quando me neguei e rejeitei os sentimentos mais sinceros que já tivera em toda a vida. Cego, apenas afastei-o, empurrando-o pelos braços e gritando com repulsa: "Me larga Frederico, você sabe que eu não gosto dessas coisas, eu sou normal, cara! Normal!"

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A saudade em papel de embrulho

Vou exemplificar:
Sabe aquela senhora, que deve ter perto de uns 80 anos, que todos os dias vai à janela e lhe cumprimenta logo cedo pela manhã, assim que lhe vê saindo rumo ao trabalho?
-Um bom dia para o senhor!
E você responde ainda que com um sorriso programado: "Bom dia pra você também!"
Até que num dia desses, você passa e logo depois se dá conta de que ninguém lhe deu os cumprimentos como de costume. Olha para atrás. A casa amarela. A janela fechada. A senhora não está mais lá.
E você sente falta.
Mesmo sendo apenas um "bom dia", mesmo sendo rotineiro e de praxe.
Você se acostumou ao sorriso da senhora vizinha e agora sente falta e pensa por onde anda aquela se importava com você?
É essa sensação... É essa a sensação que eu tenho todas as vezes que você me entrega num embrulho os seus sentimentos e me vem, tempos depois, pedindo que lhe devolva o presente.
Presente não se pede de volta, meu bem. Questão de respeito.

sábado, 15 de setembro de 2012

Excentricidade Móvel

É verdade que levou tempo, muito tempo até ficar do jeito que sonhara. Demandou dinheiro, empenho, trabalho e trabalhadores também.
A quase obra de arte virou assunto em toda a cidade.Ouvia-se a cada dia um novo comentário sobre a excentricidade de Paulo e a mulher. Por muito tempo guardou suas economias para o feito que até mesmo os arquitetos e engenheiros se colocavam em dúvida quanto à viabilidade.
Construíram os quartos, desta vez muito mais silenciosos, possuíam isolamento acústico para pôr fim aos barulhos da cidade noturna e movimentada que tanto os incomodava. Fez-se a cozinha com decorações em verde e muitas flores, como forma de levá-los a uma fuga dos cinzentos dias urbanos. Por último a sala, com espaços reservados aos programas familiares que o chefe da família tanto sonhara por tempo e disposição para dedicar-se. Um sofá e televisão dignos de um cinema de qualidade, uma mesa de jogos, pebolim e um ambiente propício aos jantares em harmonia. O sonho estava pronto.
Em meio à folhas de papel e contas matemáticas, percebeu que além de todo o desgaste físico e mental, muito tempo da sua vida havia sido desperdiçado frente a um para-brisa. Se gastava uma hora e meia para chegar ao trabalho e duas para voltar à casa no fim do dia, já eram três horas e meia nos dias úteis. Os finais de semana no litoral lhe somavam mais cinco horas a cada semana. Se assustou ao descobrir que perdera um ano e quase oito meses em filas, nos últimos dez, desde que se mudara para a capital. Mas, estava também feliz por saber que agora poderia deixar de perder muito da sua vida. Trocaria um ano no trânsito, por um ano em família.
- Consegui!- Gritou depois de um largo sorriso ao notar que a mudança se daria no dia seguinte. Agora seria o único homem que moraria no térreo do prédio em que trabalhava e teria o seu próprio motorista, que dirigiria o mesmo sobre rodas. Se deslocariam para onde fosse preciso, sem precisar abandonar qualquer atividade no lar ou no trabalho. Não deixariam, Paulo e sua família, de viver mais nenhum minuto, parando nos sinais da vida caótica dessa falta de mobilidade urbana.

domingo, 9 de setembro de 2012

O segredo da felicidade explícita

Engraçado como as pessoas gostam de fachadas.
De falsos sentimentos e de romances fictícios.
Ficam procurando outdoors para colocar na própria sacada e neles dizer o quanto são felizes, têm dinheiro, conforto e essas porcarias modernas que dizem ter alguma utilidade.
Ficam procurando alto falantes para gritarem ao mundo que são amadas e que têm à quem amar: sejam os milhares de pseudo-amigos ou uma paixão estonteante; e efêmera.
Procuram meios de mostrar o que não são e a vida que não têm.
Como se no fim de tudo o importante fosse morrer com aquele alguém com quem você passou anos e anos cumprimentando por educação e aturando por comodismo.
Me desculpe a frieza, mas prefiro morrer sozinha! Aliás; sozinha não, junto das lembranças. Lembranças das velhas amizades, dos dias de sol, das broncas dos pais, das vezes que aprontei, das brincadeiras que dividi, dos risos que troquei, das pessoas que marquei, dos amores que guardei. Ao lembrar de tudo isso, o sorriso e a saudade serão inevitáveis.
Sabe qual a única coisa de que precisamos para termos sucesso e sermos felizes? Estarmos vivos. Apenas. O resto é tudo uma questão de imaginação e vontade de viver.
Observe mais as crianças. Brinque mais com elas, use-as como um exemplo a ser seguido e você verá que sempre buscou as coisas simples pelo caminho mais difícil.
A verdadeira felicidade está na sutileza dos momentos. E tal sutileza só é capaz de tocar àqueles que estão desprevenidos. Os que se preocupam em encontrá-la; jamais acharão-na, estão ocupados demais para isso.
Agora vai, vai dar uma volta lá fora, respirar um ar puro, olhar alguma natureza, cumprimentar o sol ou apenas pensar na vida. Vai! Tira as marcas de tensão do rosto e vai ver a vida de uma forma mais leve.
Pare de procurar a plenitude em livros de autoajuda. Há uma menininha lá no balanço da praça te esperando pra contar a fórmula de tudo que você sempre ambicionou. E olha que a menininha; felizmente, ainda só aprendeu ler os conselhos do coração

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Jogo Limpo

Foi por ver teu sorriso acompanhado que tomei a decisão de me afastar.
Não me afastar por completo; é claro, isso seria impossível para mim. Mas me afastar do rumo a que estou dando as coisas.
Me afastar dessa turbulência. Não sei viver com ela e uma vez dentro, não sei sair de nenhuma forma que não seja perdendo o controle da aeronave e colidindo com o solo.
E foi por ver teu sorriso acompanhado que me dei conta da minha real insignificância e impotência.
Não é a primeira vez. Já sei como funcionam as regras e quem sempre sai perdendo.
E de fato não é época para se ter o sangue frio do blefe em apostas milionárias. Mesmo eu gostando do risco, mesmo eu sendo obcecada pela adrenalina.
Já conheço a mesa e os adversários e preciso alertar à mim mesma que é hora de jogar com sabedoria e ciente do quanto demorei pra ter minhas fichas de volta e que não devo entrar na mesma dívida mais uma vez.
Que se danem os sentimentos! Nunca me mostraram bons argumentos ou motivos razoáveis para dar-lhes credibilidade. Muito pelo contrário.
Está tomada minha decisão e você não me levará à falência. Não desta vez.
Agora preciso me afastar, me afastar enquanto é tempo. Mas sem abandonar a mesa.
Mesmo porque estou longe de me recuperar do vício.
É necessário apenas que eu tenha os pés no chão e a consciência de que você ainda é o dono do cassino.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Palpitações

Acredito que todo mundo já se apaixonou um dia. Se não, ainda se apaixonará.
A paixão é um dos mais belos espetáculos já inventados, onde todos têm o direito de serem protagonistas e fazer da própria vida, o palco.
Me arriscaria também a dizer, que a felicidade e a tristeza de um apaixonado sejam talvez as mais intensas e também por vezes, as mais efêmeras.
Poros arrepiados, friozinho na barriga, sorriso espontâneo e sem motivos. O poder de sonhar de olhos abertos. Miscelânea de sensações. Do nervosismo gostoso até a saudade aniquiladora. Como é lindo estar apaixonado!
E como é lindo o sofrimento do amante apaixonado!
Diria inclusive, que a tristeza deste é mais poética que a sua felicidade.
Amor e admiração que não se sente. Se vive. E se vive sem esperar nada em troca. Sem muitas oportunidades de escolha e submisso dependente do coração, você se faz amante. E só o deseja bem.
Mas se você vir a se colocar no "fundo do poço" por um amor, se você receber um daqueles nocautes no peito, que deixam como marcas as lágrimas no rosto, apenas adicione esta data àqueles "dias ruins", que passam rápido, assim como o tempo. O mesmo tempo que te faz encantar-se e depois te cura as feridas do encantado findado.
Mas o grande barato disso tudo é poder se apaixonar e se "desapaixonar" quantas vezes for preciso e o tempo permitir. E assim, recomeçar o ciclo, nutrindo por outro alguém sentimentos fortes, quem sabe até, arrebatadores. Sentimentos esses, que sob efeito de nenhuma droga te aflorariam tanto os sentidos quanto o ecstasy da Paixão.
Esteja preparado para o próximo nocaute. Não negue-o. Viva a melancolia, mas sem se deixar abater por completo. Tenha em mente, que se hoje a única consequência que o amor te traz é o choro, amanhã poderá ser o sorriso.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Eu, de cabeça para baixo

Desconheço os motivos que te levaram a agir assim.
Talvez você quisesse mesmo revirar-me do avesso...
Talvez você quisesse mesmo me ter amarrada a você...
Desconheço os motivos que te levaram a agir assim.
Quando dei por mim, já estava atada.
E em pouco tempo, você já havia até pendurado-me no teto.
Eu, de cabeça para baixo. Presa pelos pés.
E você ficou ali, olhando debochado para mim e dizendo: "Vamos! Não vai sair daí?"
E eu, ingênua de ti e querendo ainda não te magoar, te peço com um simples olhar que tire-me dali.
Mas você não consegue me ouvir e muito menos ver o meu sofrimento...
Desconheço os motivos que te levaram a agir assim.
Talvez no seu mundo seja normal ver as pessoas na mesma situação em que eu me encontro agora...
Ou talvez quem sabe, você já tenha sido por muitas vezes amarrado de ponta cabeça também...
Desconheço os motivos que te levaram a agir assim.
Sei que, sozinha dificilmente conseguirei me desprender daqui. Agora, só me resta a esperança de você perceber meu olhar te pedindo ajuda, antes que a corda arrebente.

domingo, 29 de abril de 2012

Você em meio aos conflitos da minha mente

Te quero. Te quero muito.
Às vezes te vejo em meio à folhas de papel ou rabiscos no meu caderno.
Te enxergo pelos lugares que passo.
Me pego distraída por tua causa.
Te materializo aqui do meu lado. Por vezes você realmente está aqui.
Tão perto e tão distante.
Te toco e não te tenho.
Te tenho, mas nunca por inteiro. Nunca como eu quero.
Você também me quer.
Te tenho ciumes. Você também.
Te tenho em delírios. Você também.
Mas me privo de ser feliz.
A gente nunca está "pronto", não é mesmo?
Nunca estamos bem o suficiente, ou somos bons o bastante.
E não me permito te ter agora.
Como se eu sorrisse ao me ver chorando por ti.
Como se eu estive num castigo imposto por mim mesma.
E se por um instante qualquer te sinto fora de mim, sinto o frio na barriga e o medo de te perder, de fazer nosso amor ficar só em pensamento, fico aflita, com o coração na boca. E volto a me perguntar; por que eu não posso? Por que esperar?
Nem sei dizer ao certo...
Mas sou muito teimosa comigo mesma. E os motivos que nos afastam, são pra mim - mesmo sabendo não - mais fortes que os motivos que me levam a ti.
E vou continuar adiando... E vou continuar nessa angustia interminável...
"Agora não!"
Mas, apesar da incerteza do futuro, tenho em mim a garantia de um talvez. E SEI que ainda te terei de corpo inteiro, de alma. Ainda te direi "Amor", com o sentido mais profundo que a palavra pode ter. Ainda te terei como sempre te tive nos meus pensamentos, mesmo sem você nem saber que era meu.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Dois amores vistos por mim

Sempre acreditei em amor à primeira vista.
Apesar de nunca ter vivido um e, mesmo com a minha armadura de garota bem resolvida, no fundo, bem fundo, sempre fui menina que espera na janela seu príncipe encantado. E você sabe bem.
No dia em que te vi, deixei de acreditar em amor à primeira.
Passei a viver um.
E como que em câmera lenta, vi seu rosto e seus olhos encontrarem os meus.
Não apenas vi. Senti.
E não apenas os olhos. O corpo inteiro.
Pernas tremendo, mãos suando e coração saindo pela boca, parecem irreais... Até o dia em que este é você.
Era eu.
Eu me vendo te olhar com cara de boba, enquanto você vinha na minha direção.
De repente, já estávamos frente a frente.
Éramos corpo e corpo. Uma única pulsação.
Qualquer música se tornaria um pequeno silêncio, perto do turbilhão que se fazia dentro do meu peito.
E você podia escutá-lo. VOCÊ podia.
E como num filme, pausado pelo telespectador, naquele momento tudo parou. VOCÊ me parou.
Triste dizer isso, mas às vezes tenho a sensação de que perdi o controle do meu próprio filme e que até hoje ele continua pausado.
Porque desde aquele segundo. Daquele primeiro segundo. Daquele olho no olho. Daquela anestesia geral que você me aplicou, sem pensar em qualquer efeito colateral que poderia me causar.
Desde então, minha vida mudou.
Mudou demais.
Acredite...
Ironias do destino. Taí outra coisa que a vida me mostrou ser verdade.
O nosso encontro e nosso tantos desencontros. Nossos acertos e distanciamentos. Nosso amor sempre proibido...
Quantas ironias do destino! Quantas lembranças...
Pra ser sincera, talvez o seu "não", fosse pra mim, menos doloroso que o seu "um dia". Porque o tempo passa, mas a esperança fica.
E dói demais. E você não sabe o quanto, quando ouço o seu "Eu te amo", sabendo que é um eu te amo de longe. Sabendo que é um "Eu te amo, mas não posso".
E ainda assim, mesmo com todas as nossas barreiras, continuo eu, como a menina da janela, te admirando de longe. E invejando todas as meninas que podem passar por você e te ver mais de perto.
E assim, te tenho do meu lado... Apenas em sonho. Sonho cruel.
Que me perturba.
Me perturba, como as noites. Todas as noites.
Em que, por mais que eu finja que tudo está bem e, por mais que eu tente me enganar dizendo que tudo já passou e que não te quero mais.
Mas nada adianta, porque os ventos que sopram na escuridão nunca amaram, e riem do meu sofrimento quando trazem à minha porta tuas lembranças.
Teu sorriso. Teu cheiro. Tua voz...
Como que debochando da minha fraqueza.
Me jogando na cara, que meu maior erro foi ter feito de mim e você, um só.
Quando você já sabia, mesmo que inconscientemente, que não seria possível existir um " a gente" sem distância. Sem sofrimento.
E sim, eu perdi um pedaço de mim, no momento em que me fiz "nós dois"
Boba eu.
Boba eu, com você do meu lado.
Boba eu, com você me fazendo as suas promessas impossíveis.
Boba eu, com seu amor, que não é meu.
Boba.
Mas como diz o ditado, "Quando a paixão entra pela porta, a razão sai pela janela".
E aí, eu continuo ali, feito boba, olhando a chuva que cai nas malditas noites vazias. Contando os segundos em eu vou sentir os teus braços me envolvendo, teu calor e teu beijo no pescoço. Teu corpo inteiro, pra me defender do meu medo do escuro.
Pra me tirar da tua ausência eterna.
Pra ouvir tua boca junto do meu ouvido, sussurrando meu nome e me dizendo estou segura, porque VOCÊ está ali.
Nesse momento, serei  a mulher mais feliz do mundo.
Triste sonho meu...
Hoje, posso dizer que a 7 meses sinto falta.
Que a 7 meses te quero.
Que nunca vivi tanto amor e tanta dor em tão pouco tempo.
Hoje, já não procuro mais a minha felicidade em outros caras, porque sempre que procuro, procuro também teu sorriso.
Cansei.
Cansei de nunca te encontrar.
Cansei de esperar te ver em qualquer esquina. De deseja que a gente se esbarre por aí. De passar pelos nossos lugares, de ouvir nossas músicas, de lembrar do teu cheiro e saber que é só lembrança.
Cansei de te ter por alguns minutos e nunca mais.
Cansei de chorar pela tua falta.
Cansei de perceber que a minha alegria ou tristeza, já não dependem mais da minha vontade e sim, da sua.
Cansei de saber que as nossas vontades nunca são as mesmas.
Por isso, te olho, seguro o choro, e te sorrio com a cara da melhor garotinha que existe em mim.
Te digo que não quero mais. Que quero te evitar. Que não sinto mais nada.
Mas só meu coração sabe, o quanto é doloroso e sacrificante, te negar, te querendo.
Você implora que eu não vá embora.
Eu me faço de forte... Como sempre.
A gente se separa... Como sempre.
E mais uma vez, sufocamos o amor... Como sempre.
Por quê??? Por que sempre assim? Por que sempre o mais difícil?
Por que a gente não pode passar um dia inteiro juntos, uma noite olhando o céu e as estrelas - pra eu esquecer todas as mágoas que a lua já me trouxe - e sentindo um o outro.
Sendo felizes, só nós dois. Sem dever nada a ninguém. Sem precisar inventar desculpas. Sem  mais enganos, sem mais lágrimas, sem mais dor. Só nós dois.
Por que não posso te visitar e te fazer uma surpresa de namorada?
Por que não posso olhar no abismo do teus olhos e me ver lá. Nem que seja morta de amor.
Mas que seja eu. Só eu.
E que você possa contar a todos que me tem e que sou sua. E que você está completo assim.
Por que não posso te ligar, te abraçar, te sentir, todas as vezes que me deparo com o vazio?
Por que não posso despertar e, assim que abrir os olhos, te ver do meu lado, me dizendo: "Bom dia meu amor". E aí, eu te sorrio com o sorriso mais largo que eu posso te oferecer, te mostrando meu rosto cheio de amor e te entregando meu corpo cheio de ti.
Por quê?
Eu sei que HOJE, não.
Mas que ontem já te tive e que amanhã te terei.
Por isso, hoje, "te amo com a certeza de que irá voltar".
E quando amanhã chegar, e eu tiver de volta a outra parte de mim. Quando voltarmos então a ser um só, como pra mim, sempre foi.
Esteja preparado, pra acordar me ouvindo dizer, sem medo:
"Bom dia,  M E U  AMOR!"

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Saudade

Nostalgia profunda.
Como se a felicidade fosse algo distante demais.
Chove lá fora.
Chove dentro de mim.
Te olho nos olhos e mascaro toda dor por de trás de um riso bobo, riso de quem não quer mostrar tristeza.
Sinto o vazio das lembranças
E as lembranças do meu vazio.
Do que nunca aconteceu, mas que me faz tanta falta.
É minha automutilação. E o pior é reconhecer, que sim, ela me reconforta.
Sinto saudade dos momentos nunca vividos.
Choro pelas promessas de amor que você jamais fez.
Sinto falta de tanta coisa que me falta.
Dói lembrar de você e da nossa história...
Que ainda não existem.