terça-feira, 2 de outubro de 2012

A saudade em papel de embrulho

Vou exemplificar:
Sabe aquela senhora, que deve ter perto de uns 80 anos, que todos os dias vai à janela e lhe cumprimenta logo cedo pela manhã, assim que lhe vê saindo rumo ao trabalho?
-Um bom dia para o senhor!
E você responde ainda que com um sorriso programado: "Bom dia pra você também!"
Até que num dia desses, você passa e logo depois se dá conta de que ninguém lhe deu os cumprimentos como de costume. Olha para atrás. A casa amarela. A janela fechada. A senhora não está mais lá.
E você sente falta.
Mesmo sendo apenas um "bom dia", mesmo sendo rotineiro e de praxe.
Você se acostumou ao sorriso da senhora vizinha e agora sente falta e pensa por onde anda aquela se importava com você?
É essa sensação... É essa a sensação que eu tenho todas as vezes que você me entrega num embrulho os seus sentimentos e me vem, tempos depois, pedindo que lhe devolva o presente.
Presente não se pede de volta, meu bem. Questão de respeito.