Sabe aquela senhora, que deve ter perto de uns 80
anos, que todos os dias vai à janela e lhe cumprimenta logo cedo pela manhã,
assim que lhe vê saindo rumo ao trabalho?
-Um bom dia para o senhor!
E você responde ainda que com um sorriso
programado: "Bom dia pra você também!"
Até que num dia desses, você passa e logo depois
se dá conta de que ninguém lhe deu os cumprimentos como de costume. Olha para
atrás. A casa amarela. A janela fechada. A senhora não está mais lá.
E você sente falta.
Mesmo sendo apenas um "bom dia", mesmo
sendo rotineiro e de praxe.
Você se acostumou ao sorriso da senhora vizinha e
agora sente falta e pensa por onde anda aquela se importava com você?
É essa sensação... É essa a sensação que eu tenho
todas as vezes que você me entrega num embrulho os seus sentimentos e me vem,
tempos depois, pedindo que lhe devolva o presente.
Presente não se pede de volta, meu bem. Questão
de respeito.