quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

1 + 1 = 1

Nossa história começa com um homem e uma mulher.
Ele é músico... Ela também. Ambos vivem de música. Ambos respiram música e têm nela; se não o maior objetivo de vida, uma grande idealização.
Ela gosta de música clássica... Ele de reggae.
Eles se encontram. Se conhecem. Simpatizam. Descobrem suas afinidades e começam a sair, a se ver mais vezes. Começam a gostar um do outro, a compartilhar desejos, a dividir momentos, a trocar segredos.
Entretanto, frequentemente eles acabam discutindo, mesmo com o pouco tempo de um talvez relacionamento. Discutem pelas inúmeras divergências dos gostos. Ela, música clássica. Ele, reggae. Pois, apesar de ambos desejarem seguir um futuro na música, o caminho que ela almeja traçar se torna completamente diferente do dele a partir do momento que os estilos musicais se confrontam em mercado de trabalho, em oportunidades e até mesmo no lugar para se morar e se construir uma família futuramente. São completamente distintos.
Ele quer ficar com ela. Ela quer ficar com ele. Eles têm duas opções. Ambos têm de fazer uma escolha em conjunto. Mas vamos falar dela:
Ela tem a opção de deixá-lo e correr atrás de um cara que goste de música clássica também, que mesmo que não queira isso como futuro, ainda assim a apoie e esteja disposto a se moldar à carreira dela; ou então, ela pode simplesmente fechar os olhos, fingir que ignora os fatos e levar as coisas adiante... Pra dar chance a uma loucura, pra passar por descargas de adrenalina... Sei lá.
Só sei que ela resolve continuar. Desesperançosa, acreditando que nada daria certo. Na verdade, achava isso tudo uma grande maluquice. Se em tão pouco tempo os desentendimentos já eram rotineiros em cima de um mesmo motivo, quem dirá, em anos... Aliás, não precisamos nem considerar tanto, vamos pensar em meses. Como superariam as constantes divergências?
Ainda assim eles decidem continuar. Continuam a compartilhar, a dividir, a trocar. Passam a sentir falta um do outro. Notam que aquele já faz parte da sua vida. E se sentem bem assim. Sentem que se completam de alguma forma.
Contudo, as diferenças permanecem. E as brigas também.
Depois de um certo tempo, cansada e buscando o entendimento, ela viu que era preciso abrir mão de certas opiniões e preceitos e talvez até, de certos planejamentos e decidiu que se tornaria mais aberta às opiniões e escolhas dele. Ele compactuou, viu que o esforço poderia valer à pena.
Depois de deixarem de lado um pouquinho de si e absorverem um pouquinho mais do outro, eles acabaram alcançando o inusitado. Fizeram dar certo o que ninguém jamais acreditaria. Fizeram dar certo o que os dois durante muito tempo rejeitaram.
Nossa história termina com o casal que consegue realizar um dos maiores sucessos de todos os tempos: a mistura Clássico-Reggae.
Hoje, guardam prêmios e elogios da combinação que por muitos artistas é vista como a mais inusitada e harmoniosa.
Porém, acredito que não basta misturar, que não seria suficiente pegar esses ritmos tão opostos e juntar.
Não se uniram ritmos, se uniram essências.
Acredito que nada é grande demais quando se deseja de verdade, se acredita e se tem força de vontade para correr atrás; seja de um sonho, de uma nova vida ou de um amor. Tudo pode dar certo, por mais improvável que pareça; é questão de querer, de dar uma chance. Diferenças podem ser aceitas e problemas sintetizados quando os esforços se unem para uma vontade em comum e creio que quando se fala em amor, se fala antes de mais nada, em troca, em divisão, em abrir mão de parte de si para deixar esta ser preenchida por parte de outro. E se ainda assim as coisas não derem certo, não há motivos para desanimar; pois, quem sabe os ingredientes, um dia acerta na receita do bolo.

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