domingo, 9 de dezembro de 2012

Carta a um coração


O problema é que todo mundo um dia cansa.
A gente espera, acredita, dá uma nova chance dizendo: "Agora sim! Dessa vez vai valer a pena eu tentar! É essa pessoa que vai mudar tudo o que eu tô sentindo agora."
E você vai - pedindo no fundo, bem baixinho pra si mesma - pra que ele se torne a pessoa mais incrível que você já conheceu, você vai rezando pra que ele lhe diga o quão babaca você foi por achar que nunca ninguém lhe tiraria do chão e lhe faria mudar de opinião a respeito do amor.
Mas aí, as flores que você tanto regou; murcham e a vida lhe dá uma nova rasteira por trás.
E os únicos pensamentos que lhe sobram são: Por que eu ainda insisto que pode existir o certo se sempre tenho o duvidoso? Por que eu ainda creio naquilo que nunca me foi mostrado? Por que ainda levo a sério as pessoas que nunca me são recíprocas?
POR QUE EU AINDA ACREDITO NO AMOR?
Sabe... Chega uma hora que cansa... Que enche o saco, que você pára, olha pra cena que se repete rotineiramente e você diz: Quer saber? Foda-se! Cansei. Cansei de brincar de ser moça boa e de agir sempre certo esperando o cara que vai me beijar a mão e me dizer "Fica comigo".
Cansei.
Desisti.
Me frustei.
Mais uma vez.
Olha, eu lhe entendo, amiga. Eu juro que lhe entendo. Até por que todo mundo passa por isso, faz parte dos ciclos da vida.
E eu sei também que a coisa que você menos quer ouvir agora é alguém dizendo que lhe entende, porque você sabe que no fundo só você mesma entende... Ou melhor, não entende, mas sente e tenta de alguma forma compreender o que tem de tão errado em querer ser feliz com alguém ao seu lado.
E eu sei o quanto é inútil lhe dizer que você ainda não esbarrou com a sua metade da laranja, mas que isso ainda acontecerá. Que nada é por acaso e que você ainda vai achar aquele alguém que vai lhe fazer muito bem. Eu sei, todos lhe dizem isso e você TAMBÉM tá de saco cheio de ouvir e de esperar pelo que lhe falam, mas que nunca acontece.
Sei também que o que acabaria com toda a frustração que está sentindo agora seria receber uma surpresa de algum bom moço lhe dizendo: "Pegadinha do malandro! Aqui está quem você tanto procurou!". "Fica comigo". Porque você ainda tem esperanças, é verdade que as deseja de alguma forma sufocar, mas elas estão lá e a gente sabe como é o coração.
Mas apesar de não poder lhe trazer alguém que lhe faça sorrir agora, o que posso fazer é lhe garantir, sem titubeio, que você é muito boa, que a sua alegria é contagiante; apesar de exagerada, que o seu coração é grande até demais, mas fica pequeno perto de tanta desilusão e que você é aquele tipo de pessoa que a gente sabe que tem muitas qualidades pra não se dar bem na vida. E compreendo que é difícil construir uma autoconfiança diante de tanta reprovação, mas digo e repito: Acredite em si. Você é boa, de verdade. Se não fosse eu lhe diria... Sinceridade é meu forte! Acredite e mostre pros outros o quão forte você é e sabe que é.
Infelizmente, só o tempo e o entendimento disso tudo é que vai lhe tirar esse rancor, essa possível; porém, triste possibilidade de se tornar descrente de tudo que possa querer ameaçar a integridade dos seus sentimentos. Sei que é duro pedir-lhe para que continue acreditando - sem se comprometer por inteira - mas que continue no jogo e continue apostando mesmo com todas as fichas perdidas. É duro, mas ainda lhe peço: Não desista.
E por último, dou-lhe como conselho: Não se cobre, não exija que encontre alguém só porque sua vizinha feia e carrancuda é casada e se diz feliz. Não, você sabe que é muito mais feliz do que ela. Você sabe que essa felicidade que irradia não é de mentira, você sabe que não precisa de ninguém pra se sentir bem. Às vezes você sente falta, é normal... Mas sabe que já aprendeu a viver sozinha e ser suficiente assim.
Por isso, abandone um pouco o coração, deixe-o de lado, ele geralmente é inconsequente e lhe leva a tomar atitudes que HOJE podem ser erradas pra o que está passando no seu mundo. Viva só, porém contente com isso, usufrua de todos os benefícios da vida só. Mesmo que não seja assim que você queira estar agora, aceite essa fase. São as férias do amor e das encrencas que ele pode lhe trazer.
Aproveite ao máximo, pois enquanto isso as doses de tempo são ministradas no seu corpo e logo, logo você se sentirá pronta pra quebrar a cara quantas vezes mais for preciso, mas também para acertar.
Acredite, sorria e viva. São os tarjas preta que posso lhe receitar pra hoje.

Ass.: Uma amiga que divide seus anseios.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

1 + 1 = 1

Nossa história começa com um homem e uma mulher.
Ele é músico... Ela também. Ambos vivem de música. Ambos respiram música e têm nela; se não o maior objetivo de vida, uma grande idealização.
Ela gosta de música clássica... Ele de reggae.
Eles se encontram. Se conhecem. Simpatizam. Descobrem suas afinidades e começam a sair, a se ver mais vezes. Começam a gostar um do outro, a compartilhar desejos, a dividir momentos, a trocar segredos.
Entretanto, frequentemente eles acabam discutindo, mesmo com o pouco tempo de um talvez relacionamento. Discutem pelas inúmeras divergências dos gostos. Ela, música clássica. Ele, reggae. Pois, apesar de ambos desejarem seguir um futuro na música, o caminho que ela almeja traçar se torna completamente diferente do dele a partir do momento que os estilos musicais se confrontam em mercado de trabalho, em oportunidades e até mesmo no lugar para se morar e se construir uma família futuramente. São completamente distintos.
Ele quer ficar com ela. Ela quer ficar com ele. Eles têm duas opções. Ambos têm de fazer uma escolha em conjunto. Mas vamos falar dela:
Ela tem a opção de deixá-lo e correr atrás de um cara que goste de música clássica também, que mesmo que não queira isso como futuro, ainda assim a apoie e esteja disposto a se moldar à carreira dela; ou então, ela pode simplesmente fechar os olhos, fingir que ignora os fatos e levar as coisas adiante... Pra dar chance a uma loucura, pra passar por descargas de adrenalina... Sei lá.
Só sei que ela resolve continuar. Desesperançosa, acreditando que nada daria certo. Na verdade, achava isso tudo uma grande maluquice. Se em tão pouco tempo os desentendimentos já eram rotineiros em cima de um mesmo motivo, quem dirá, em anos... Aliás, não precisamos nem considerar tanto, vamos pensar em meses. Como superariam as constantes divergências?
Ainda assim eles decidem continuar. Continuam a compartilhar, a dividir, a trocar. Passam a sentir falta um do outro. Notam que aquele já faz parte da sua vida. E se sentem bem assim. Sentem que se completam de alguma forma.
Contudo, as diferenças permanecem. E as brigas também.
Depois de um certo tempo, cansada e buscando o entendimento, ela viu que era preciso abrir mão de certas opiniões e preceitos e talvez até, de certos planejamentos e decidiu que se tornaria mais aberta às opiniões e escolhas dele. Ele compactuou, viu que o esforço poderia valer à pena.
Depois de deixarem de lado um pouquinho de si e absorverem um pouquinho mais do outro, eles acabaram alcançando o inusitado. Fizeram dar certo o que ninguém jamais acreditaria. Fizeram dar certo o que os dois durante muito tempo rejeitaram.
Nossa história termina com o casal que consegue realizar um dos maiores sucessos de todos os tempos: a mistura Clássico-Reggae.
Hoje, guardam prêmios e elogios da combinação que por muitos artistas é vista como a mais inusitada e harmoniosa.
Porém, acredito que não basta misturar, que não seria suficiente pegar esses ritmos tão opostos e juntar.
Não se uniram ritmos, se uniram essências.
Acredito que nada é grande demais quando se deseja de verdade, se acredita e se tem força de vontade para correr atrás; seja de um sonho, de uma nova vida ou de um amor. Tudo pode dar certo, por mais improvável que pareça; é questão de querer, de dar uma chance. Diferenças podem ser aceitas e problemas sintetizados quando os esforços se unem para uma vontade em comum e creio que quando se fala em amor, se fala antes de mais nada, em troca, em divisão, em abrir mão de parte de si para deixar esta ser preenchida por parte de outro. E se ainda assim as coisas não derem certo, não há motivos para desanimar; pois, quem sabe os ingredientes, um dia acerta na receita do bolo.