quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Vago

Você. Só você.
A inspiração tá longe.
Você precisa escrever. Precisa esvaziar de alguma forma o que tanto lhe transborda.
Solidão.
Eu deveria ter muitas coisas pra dizer, muitas palavras pra colocar no papel.
Não. Apenas as mesmas coisas. As mesmas idéias, os mesmos pensamentos que sempre me perseguem.
Minha rotina está cheia de novidades. Minha vida deu um giro e não parou no mesmo lugar.
Muito mudou. Fora.
Dentro nada.
Dentro continuo o que sempre fui e com as mesmas malditas qualidades, os mesmos ingratos defeitos e o mesmo escasso conhecimento.
Por dentro apenas insisto em me repetir, em me consumir devagar com aquilo que, durante o show é inexistente; mas que, na vida real, de cara lavada, está ali todos os dias.
Vazio.
Sempre há falta.
Não que falte felicidade, não que eu queira me mudar, não que não esteja bom como está.
Está. Mas a falta também está ali. É inevitável.
É a falta que lhe faz parar por um tempo e ficar procurando por alguma resposta.
A falta que lhe joga contra a parede e lhe diz: Anda! Vai ficar aí parado?
A falta que lhe faz querer ouvir uma música triste mesmo quando lá no fundo não há motivos para chorar.
A falta que lhe para por um momento e lhe deixa reflexivo.
A que lhe obriga; mesmo sem inspiração, a escrever, a esvaziar de alguma forma o que tanto lhe transborda.
Acho que todo mundo tem o seu vazio particular, a sua falta, que vem de vez em quando lhe fazer uma visita de reflexão, de nostalgia, de inspiração, do que você quiser chamar...
Será que no fundo somos mesmo todos tão idênticos?
Medos, anseios, preocupações, sonhos, ilusões... Faltas.
Acredito que sim. Que tudo isso que nos constrói, que nos diferencia tanto pelas nossas semelhanças, nos faz sermos seres perfeitamente errados!
Pensamentos, reflexões, mundo paralelo e irreal... Efeitos colaterais das nossas faltas.
Faltam-me as respostas, a clareza, a exatidão, a satisfação, a solução... Jamais faltam-me as faltas.
Eu continuo aqui com esse meu vazio que me preenche por inteira.
Continuo na inércia da falta que me move.
Apenas continuo...
Com tudo o que me falta e me faz ser tão completa.