Buscamos respostas demais. O tempo todo.
Verdades inteiras
Certezas eternas
Acreditamos na ideia de que sabemos.
Mas a certeza só habita em dois lugares:
No imutável.
E no previsível.
E quase como uma piada, talvez a única certeza da vida seja a impermanência e a imprevisibilidade.
Pois até quando fazemos planos, não fazemos.
E que entediante seria viver sabendo de cada detalhe da vida antes mesmo de acontecer
A graça tá no novo.
Na mudança.
Na surpresa.
Não sabemos em que casa viveremos.
Em qual trabalho estaremos.
Nem o quanto de saúde teremos.
Não sabemos quais pessoas vão esbarrar pelo nosso caminho.
Tem gente que esbarra
e vai embora.
Tem esbarrão que vira encontro.
Tem encontro que vira café.
Tem café que vira vinho.
Tem encontro que se repete. E repete. E repete. E repete. Repete. Repete. E repete e repete de novo.
E depois vai embora.
Tem esbarrão que volta.
Esbarra de novo.
E vai embora.
Há desencontros que se encontram.
E encontros que se desencontram.
Tem gente que já esteve.
Tem gente que está.
E gente que estará.
E aí, como saber?
Aliás…
Por que saber?
Não posso saber quais paisagens meus olhos ainda contemplarão
Nem quais músicas ainda irei escutar
Ou quais comidas degustarei
E por quais calçadas vou andar
Nem dentro de quantos abraços eu ainda posso morar
Também não sei por quais motivos irei sorrir
E por quais, irei chorar.
Não sei quem sou
Muito menos quem serei.
E talvez a única coisa que eu deva realmente saber:
é que a vida é um eterno não saber.