sábado, 29 de junho de 2019

Eu não queria lembrar

Eu nunca imaginei que seríamos amigos. E nos tornamos.
Nunca achei que ficaríamos. Ficamos.
Não sabia mais o que era paixão. Lembrei.
E não queria lembrar.
Não queria lembrar de você ao acordar.
Não queria lembrar de como gosto do teu cheiro. Do teu encaixe. Não queria lembrar disso quando eu tô com outras pessoas.
Não queria lembrar dos meus 17 anos de novo.
Não queria lembrar do quanto dói.
Porque pra mim paixão só dói. Sempre doeu. E continua doendo.
Ser a mulher forte, do coração gelado e do abraço duro sempre foi um bom slogan. E sempre gostei de andar com ele estampado por aí.

Quando, ao longo da vida, a gente não recebe todo o amor que gostaria, a gente fica com buracos. Que a gente vai cobrindo de várias formas. Do jeito que dá. É normal. Todo mundo tem buracos.
Você, do jeito que é: com a sua cabeça dura, com essa sua falsa certeza de já ter vivido tudo, com esse jeito meio grosseiro... Você tampa. Você tampa vários buracos meus.
Mesmo você não sendo o cara que eu idealizo, mesmo eu achando que você tem uma porrada de defeitos...

Sim. Eu preciso fazer uma pausa pra dizer que, apesar de essa ser a segunda vez que eu me apaixono, a primeira já faz 7 anos.
E eu mudei. Eu cresci. Eu vivi. Me descobri. E me (re)inventei. E eu tô apaixonada de um jeito muito mais maduro e consciente. Hoje eu olho de frente pras minhas fraquezas. Eu enxergo meus defeitos. Os seus também.
E mesmo com tudo isso, ainda assim você tampa.

O problema é que muitas coisas podem tampar um buraco. Mas nem tudo que tampa, preenche.

17. 24. Eu tô vivendo exatamente a mesma coisa, de uma forma completamente diferente.
Dessa vez não entrei numa paixão cega. Mas míope, com certeza. Porque coração nenhum enxerga bem.
E eu não queria lembrar...
Não queria lembrar de como é enxergar com coração.
Porque a vida me ensinou que é melhor ser a mulher do slogan. O coração frio foi sempre a minha melhor armadura. E eu já foi pra guerra algumas vezes.
E eu tô acostumada a ganhar.
Eu sempre ganhei.
Eu sempre ganho.
Menos com você.
Você sabe me tirar a armadura. Sem armadura, eu não consigo lutar.

Eu tô completamente vulnerável. Nua de um jeito que só você tá vendo.
Lembra que eu acabei de falar sobre sempre ganhar?
Pois é... Tem mais essa. Nunca tive medo de perder, porque perder nunca foi uma possibilidade pra mim.
Mas parece que... Perdi a guerra e perdi você.
Igual aos meus 17.
Igual minha primeira paixão.
Lembra? Que eu disse que não queria lembrar?
...
Porque, meu bem, eu já entreguei tudo na primeira vez. E eu tô entregando tudo de novo.
Entreguei pra pessoa errada na primeira. Tô entregando pra pessoa errada de novo.
Eu não queria que fosse assim. Sinto raiva de mim mesma.
Acho que me prendi na armadilha que eu construí.
O problema é que eu não faço ideia de como sair.
Eu só quero ser livre de novo.
Eu só quero manter meu slogan.
Mudar é bom. Mas mudanças grandes precisam de frete. E eu já sei que não vai ter e que eu vou carregar tudo sozinha. De novo.
Mas em algum lugar, eu mudei. Não queria mudar. Mas não fui eu quem mudei. Foi você que mudou algo em mim.

O que me conforta na mudança é saber que, graças a ela, por algum momento eu me vi completamente disposta a contemplar o lado bom da paixão e a viver isso de verdade.
Mas como diz o ditado: Quando um não quer, dois não amam.
Você não quis.
E tá no seu direito.

Lembra dos buracos?
Pois é... Você tampa. Mesmo me entregando muito pouco.
E é muito doído enxergar tudo isso. É muito doído enxergar teus defeitos e tudo que em ti falta e ainda assim ouvir meu coração dizer com convicção: Eu escolhi preencher. Tampar, quem escolheu, foi você.

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