quinta-feira, 10 de julho de 2014

Minha última carta de amor endereçada à você

Sabe, eu não vou me enganar...
Não vou dizer que não fiz planos pra gente. E nem que não achava genial o fato de nós dois termos a vontade de adotar. E até mesmo um menininho negro!
Pois é, mulheres são sempre mais sonhadoras...
Não vou dizer que até o nosso um ano não foi maravilhoso e nem que eu não viveria tudo de novo pra ter aquele cara que fazia muito por mim e qualquer coisa pela minha companhia e pelo meu sorriso.
Sabe, eu aprendi muito com você. Aprendi a dividir mais, a ser mais paciente, menos chata, mais flexível, menos mimada.
Com você eu percebi o quanto eu me dôo e me dedico a alguém, se assim eu quiser. O quanto eu posso fazer tudo por uma pessoa e um pouco mais. Porque eu fiz tudo por você. O que estava ao meu alcance e até mesmo o que não estava. Você sabe. Basta olhar para o lado, pra enxergar o quanto eu quis o seu bem e a sua felicidade, e lutei por isso. Eu fiz por você, eu fiz pela gente.
Acho que até hoje você ainda não se dá conta por completo. Mas ah, o tempo... O tempo é maior que todos nós e ele ainda vai lhe mostrar muita coisa. Eu tenho certeza disso.
E o mais engraçado é que eu faria tudo de novo.
Mas esse nosso último mês foi complicado.
E tentando enxergar de fora, eu vejo como paramos na hora certa. Se tivéssemos parado antes, poderíamos dizer que desistimos sem tentar e se tivéssemos parado depois, poderia ser que não terminássemos tão bem como terminamos.
O nosso amor durou exatamente o tempo que deveria durar.
Nem um dia a mais, nem um a menos.
A gente entrou na vida um do outro; viveu, um o outro; deixou parte de tudo o que nos constrói; nos mesclamos um pouco; nos divimos um pouco; mas estamos saindo inteiros; deixando de legado fragmentos do nosso melhor e que serão levados conosco para o resto das nossas vidas.
E não vou me iludir. Essa semana foi uma das minhas piores. Não só por você, mas por todo o balde de coisas que a vida derramou em mim de uma só vez.
E não vou dizer que nos últimos dias eu não lembrei mais de você do que lembrei em todos os últimos meses. E não vou dizer que por segundos não lhe vi aqui do meu lado e em seguida, caí em mim.
E não vou dizer que meu maldito cérebro não queria me condicionar a lhe esperar em qualquer uma dessas noites frias.
E não vou fingir que não chorei. Que não desejei que durássemos mais. Que não lamentei pelo nosso "fim".
Mas com a mesma pressa que você se fez apaixonante, você também me mostrou que essa foi a melhor escolha.
E eu acredito e desejo de fato, que a gente guarde todas as inúmeras boas lembranças e recicle às vezes que não sorrimos.
Pra daqui dez anos, eu olhar pra tudo isso e ter a capacidade de sorrir com cada nosso bom momento. De sorrir com a mesma simplicidade e naturalidade do sorriso que dei no dia que nos conhecemos. Você deve lembrar.
Você nunca deixará de ser o "meu primeiro namorado". Desses que se coloca foto nos porta-retratos e se apresenta para a família.
Mas como você bem deve saber também, a gente dificilmente acerta de primeira.
E eu escrevi esse texto porque durante essa semana eu observei a vida. Eu parei por uns dias, eu pensei, eu me entristeci, eu fiquei comigo, eu senti a sua ausência. Mas eu também olhei adiante e enxerguei antecipadamente tudo o que eu tenho pela frente, tudo o que eu sei que a vida me reserva - porque ela sempre teve o dom de me reservar as melhores coisas - e que eu não devo me estagnar; que eu devo me abater, mas não em excesso; que eu devo chorar por você, mas não mais do que merece; que eu devo sentir a nossa falta, mas não mais do que a de a mim mesma.
Meu coração é frágil, desconfiado, indefeso e sincero. Mas acima de tudo, decidido. Você sabe.
E hoje ele olhou fundo nos meus olhos e me disse com sinceridade materna e amparadora "Levanta este rosto menina, vai seguir teu caminho que tu mesma já criastes, porque eu não quero mais sofrer contigo!"
E sabe, eu sempre respeitei meu coração. Sempre acompanhei ele, na saúde e na doença, na tristeza e na alegria.
E não vai ser dessa vez que eu vou fazer diferente.
Por isso, este texto.
Pra me esvaziar por inteira, porque eu preciso me encher de volta.
Pra tomar minha última dose de você.
Pra lhe fazer tornar-se em mim: marcas, momentos, lembranças, passado.
Por isso, este texto.
Pra dizer que este é meu último suspiro.
Meu último desabafo.
Minhas últimas lágrimas.
Minha última carta de amor endereçada à você
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário